sábado, 9 de julho de 2011

A “EVOLUÇÃO” DA MÚSICA BRASILEIRA DE RAÍZES

Houve um tempo em que os amantes da boa música de raízes podiam se deliciar com autênticas melodias nas vozes de grandes nomes de todos os rincões brasileiros. Não quero ser saudosista, mas há muitos anos atrás ser cantor de música “caipira” era sinônimo de talento, não só na composição da letra, como também na interpretação da mesma. O que marcou essa época foi a utilização de uma linguagem muito próxima do homem do campo, sem a preocupação com regras ortográficas. Muitos nomes ficaram conhecidos e consagrados nessa época como, por exemplo, Cascatinha e Inhana, Pena Branca e Xavantinho e outros.

Depois disso, surgiram nomes que apostavam num estilo mais culto de linguagem. Nascia ai o “sertanejo” nas vozes de Chitãozinho e Xororó, Milionário e José Rico, Duduca e Dalvam e muitos outros. A partir dos anos 90 começou a safra de cantores sertanejos oriundos de Goiás, com suas vozes mais românticas, cantando amores impossíveis e paixões desenfreadas. Quem não se lembra de Leandro e Leonardo?

Mas parece que o brasileiro gosta mesmo é de novidades. Enquanto nos Estados Unidos uma música sobrevive no rádio por décadas como um hit (sucesso), aqui nas terras tupiniquins o que impera é a novidade. Clássicos como os mencionados só tocam em programas de rádio em horários específicos como “nostalgia”, “músicas do baú” e por ai afora, relegando tais preciosidades como algo antigo, ultrapassado. A moda agora é outra. Sertanejo Universitário. Houve um tempo em que eu conseguia acompanhar o estilo das duplas sertanejas. Pelo toque inicial eu sabia dizer de quem era a música.

Agora, são tantos quem nem me arrisco a dizer o nome para não ser ridicularizado. Corro o risco de atribuir uma música de uma determinada dupla a outra completamente diferente. Não sei dizer se tal música é de Hugo Pena e Gabriel ou de sei lá quem. Nem sei mais quantas duplas são. E além do mais, hoje em dia parece que não basta mais ser cantor. Tem que ser ator também para não ser esquecido muito rapidamente. Se estiver em uma novela, melhor.

Fico pensando se eu envelheci e perdi o pique musical ou se a oferta é que é maior que a procura. Qualidade e bom gosto nem precisam ser mencionados. A sociedade de consumo no âmbito musical não parece ser muito exigente. Se agradar aos ouvidos, consome-se desenfreadamente. Se não, passemos à próxima dupla. O fato é que diante de tanta música falando de amor e tanta gente cantando os prazeres de uma relação amorosa é incrível como existem tantos conflitos afetivos na nossa sociedade.

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